Não Existe Gênio Preguiçoso – A Criatividade é um Dom, Esforço é Escolha

A criatividade é um dom, mas será que apenas isso basta? Descubra o que realmente separa os talentosos dos gênios, e o que está ao seu alcance para ir além.

Ale Barros

12/22/20243 min ler

Há quem questione se a criatividade é, de fato, um dom. Eu tenho a minha opinião.
A palavra "dom" vem do latim donum e significa dádiva, presente – algo inato, uma capacidade natural que permite a alguém realizar determinada tarefa com facilidade.

A palavra "criatividade", também de origem latina, está ligada a creare (criar), idea (ideia) e ingeniosus (criativo). Em essência, a criatividade é a habilidade natural de inventar e dar vida ao novo – e isso, por si só, já a define como um dom.

Desde o nosso nascimento, carregamos dons que nos acompanham – o amor, a vida, a empatia. A criatividade também está entre eles, mas com algo especial: ela nos conecta ao ato de criar. Enquanto muitos dons revelam o cuidado de Deus por nós, a criatividade revela o reflexo do Criador em nós. Afinal, fomos feitos à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26). E, se o primeiro ato de Deus registrado na Bíblia foi criar o mundo, não seria natural que um pedacinho dessa essência criativa também pulsasse em nós?

Se você ainda não teve a oportunidade de ler o artigo 'A Fonte de Criatividade Está em Você – Aprenda a Acessá-la', vale a pena conferir. Nele, mergulhamos mais fundo na criatividade e exploramos como acessar essa fonte inesgotável. Mas hoje, a ideia vai um pouco além. Vamos aprofundar o tema, explorando agora o significado do talento e o que o distingue do dom, preparando o caminho para o ponto central deste artigo.

A palavra talento deriva do latim 'habilitas' – um termo que remete à aptidão, capacidade ou habilidade. E isso nos revela algo interessante: ao contrário do dom, que é inato, o talento pode ser aprendido, desenvolvido e aperfeiçoado com prática e dedicação.

Pense, por exemplo, em alguém obstinado e disciplinado que decide tocar piano. Mesmo sem ter o dom natural, a prática constante e a criatividade a conduzem ao seu objetivo: tocar o instrumento. Por outro lado, quem já nasce com o dom para a música tende a se apropriar desse talento com muito mais facilidade. O aprendizado flui, como se as notas dançassem nos dedos sem esforço aparente. Mas isso não significa que o dom dispensa dedicação. Mesmo os mais talentosos precisam estudar, aprimorar-se, polir suas habilidades.

A genialidade surge quando acontece o encontro perfeito entre dom, criatividade e esforço pessoal. A criatividade, que floresce com estímulos, alcança seu ápice quando combinada à disciplina incansável. Não existe gênio preguiçoso.

O sucesso de João Carlos Martins é a prova viva de que o dom, aliado à dedicação incansável – com até 14 horas diárias de prática –, transforma esforço em genialidade e marca a história da música clássica.

Pablo Picasso costumava dizer: "A inspiração existe, mas tem que te encontrar trabalhando." Ele produziu cerca de 50 mil obras ao longo de sua vida, e relatos indicam que ele passava a maior parte do dia pintando, desenhando ou esculpindo, muitas vezes virando noites em seus estúdios.

Leonardo Da Vinci dividia seus dias entre experimentos científicos, projetos de engenharia e criações artísticas. Ele era conhecido por dormir em ciclos curtos, o que lhe permitia dedicar mais tempo ao estudo e à criação, passando longas horas explorando e aprimorando suas habilidades.

Charles Chaplin ensaiava incansavelmente cada cena e exigia o mesmo de seus atores. Durante a produção de Luzes da Cidade, ele fez a atriz Virginia Cherrill repetir uma cena de levantar os olhos 342 vezes até atingir a expressão que ele buscava.

Todos os grandes mestres da música, da arte ou das ciências dedicaram incontáveis horas ao aprimoramento de seus dons. Esse trio: dom, criatividade em seu potencial máximo, e esforço inabalável – é o que separa gênios dos talentosos.

Portanto, não há desculpas. A criatividade é um dom universal, presente em todos nós desde o nascimento. O restante – esforço, preparo e perseverança – está em nossas mãos. Talvez não nos tornemos gênios, mas como disse o diretor e roteirista James Cameron: "Se você estabelecer objetivos absurdamente altos e falhar, ainda assim estará acima do sucesso de todos os outros."

Fim

__

Sobre o Autor: Alessandro Barros é roteirista e cineasta cristão, dedicado a usar a arte como parte do seu chamado para inspirar e conectar pessoas à fé.

Siga o autor no Instagram: https://www.instagram.com/aale_barros/

Confira também: A Fonte de Criatividade Está em Você – Aprenda a Acessá-la

Gostou do artigo? Compartilhe com amigos - Inscreva-se em nosso Blog e Deixe seu comentário abaixo. Participe da discussão!